Kuara, kaá, atã endé ará
A noite devora a luz na mundurukãnia
Vibram os maracás
O canto, a pajelança, a puçanga que pulsa nas veias trará o mistério dos pajés
Eis aqui o mistério dos pajés a revelar
Nas ervas que curam, na sabedoria ancestral milenar
Nos ensinamentos tragados no tempo por velhos xamãs, caxirí, tarubá
Nas plumas da vida, em sementes que traçam mandalas em canitás
Nas pinturas corporais, ao som dos antigos cantos tribais
Crepitarás aos céus a fogueira de ará
No rito de iniciação, nominação, de comunhão netsú a celebrar
Açú abaira abaeté endé ará atã
Açú amanajé anomati endé tupi
Na vida e na morte tu vagas no mundo mundo
Dos seres sobrenaturais
Na busca eterna da cura
A paz para o mundo terreno trarás
Das cinzas o verde brotará
E seu canto ao mundo ecoará
Não deixe meu rio morrer
A Amazônia precisa viver
Piaga, endé kumú, piaga, endé kumú
Atã, atã, atã, atã Munduruku
Piaga, endé kumú, piaga, endé kumú
Atã, atã, atã, atã Munduruku
O mistério dos pajés